Entre Olhares: Véu de Noiva, Por Favor!!!!!!!!

Desde a semana que passou tenho me dedicado a estudar e a produzir material educativo a respeito das drogas para trabalhar com os adolescentes matriculados na instituição de ensino médio a qual tenho vínculo empregatício. A tarefa tem se mostrado engenhosa, complexa e, ao mesmo tempo, gratificante. Ainda estou receoso em relação à receptividade dos meus alunos no que tange à seriedade e gravidade das informações.

Minha expectativa é levá-los à reflexão sobre o assunto. Não tenho a menor intenção de fazer apologias contrárias e, menos ainda, favoráveis ao uso de drogas. Quem primeiro se arvorou ao cargo de “salvador do universo”, em 1971, foi Richard Nixom, em seu primeiro governo nos EUA, quando declarou GUERRA ÀS DROGAS!!!!!! De lá pra cá, elas se tornaram mais baratas, mais diversificadas, mais potentes e mais acessíveis.

Não resta a menor dúvida de que o discurso negatório em relação às drogas na sociedade humana é inócuo, sem sentido e eivado do mais profundo moralismo banal e que nenhum efeito produz em meio aos nossos jovens. Quando se fala em campanha educativa, a primeira coisa que fazem é estampar em letras garrafais o slogan: DIGA NÃO ÀS DROGAS!!!!!! Contudo, numa população extremamente contaminada por um excessivo número das mais variadas drogas, não há mais como dizer NÃO ÀS DROGAS!

Até por que inúmeras delas são legalizadas e aceitas com muita naturalidade pela sociedade, inclusive se tornando pré requisito no ritual de passagem, em especial dos meninos, da vida infanto juvenil para a vida adulta: o álcool. Na visão preconceituosa de muitos adultos e jovens em vias de transição de sua vida social, beber é demonstração e sinônimo de virilidade e “macheza”! E o mais terrível de tudo isso é constatar pessoas praticamente obrigando um adolescente a beber.

Nos EUA o alcoolismo custa por ano US$ 185 bilhões. A perda de produtividade do trabalho nos Estados Unidos todos os anos acumula algo em torno dos US$ 135 bilhões. A morte prematura devido ao alcoolismo entre os americanos custa US$ 37 bilhões. Crimes, acidentes de trânsito e gastos com o sistema público de saúde naquele país somam mais de US$ 42 bilhões por ano. As querelas e desavenças entre os americanos devido ao uso abusivo do álcool custam mais de US$ 6 bilhões com gastos administrativos do sistema judiciário daquele país.

No Brasil já foram catalogadas cerca de 200 enfermidades relacionadas ao consumo abusivo de álcool. Nosso país ocupa a 53ª posição mundial entre os maiores consumidores. A média mundial de consumo é de 6,2 litros por pessoa. Nós brasileiros consumimos 8 litros. Entre os anos de 2006 e 2012 o número de alcoólatras brasileiros aumentou 31%. Essa doença custa à nossa sociedade R$ 8 milhões por ano e está relacionada ao desenvolvimento de câncer de laringe, orofaringe, esôfago, fígado e mama; cirrose, hipertensão e pancreatite crônica.

A despeito de toda e qualquer crise no nosso país, a indústria de cerveja no Brasil cresceu 25% em 2016. O nosso consumo por pessoa anualmente está na casa dos 56,4 litros. A indústria de bebidas no Brasil faturou R$ 117 bilhões no ano passado e gerou 163 mil empregos diretos. Cerveja e refrigerante representaram 82% do volume produzido e 76% do valor das vendas. O Setor de Fabricação de Bebidas representa 4% das indústria de transformação no Brasil.

A organização Mundial de Saúde recomenda o consumo diário de 25 gramas de álcool. Segundo aquela entidade, isso confere proteção cardiovascular à pessoa. Este consumo comedido é representado por 1 taça de vinho diária. A recomendação do vinho é por conta de que esta bebida é composta por diversos elementos químicos benéficos à saúde humana. Contudo, nos nossos “happy haour” (não sei inglês) semanais preferimos sempre gritar para o garçom: “Véu de noiva, por favor!!!!!!”.