Ceará
90 famílias moram entre ratos e rachaduras no Jangurussu, em casas com risco de colapso
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Teto e paredes rachadas, fios elétricos descascados à vista, piso quebrado, quintal alagado com água de fossa. Esta é a realidade de 90 famílias que vivem em casas casas do Conjunto Santa Rita, no bairro Jangurussu. O Núcleo de Habitação e Moradia da Defensoria Pública do Estado do Ceará (Nuham) esteve na área e emitiu alerta para a possibilidade de colapso na estrutura das moradias. O órgão entregará um laudo técnico às autoridades municipais e à Defesa Civil.
Localizado à beira do antigo aterro sanitário do Jangurussu, a comunidade foi inundada cinco vezes durante a quadra chuvosa. Com as chuvas da última semana em Fortaleza, as residências, já imersas na água suja, encharcam e o risco de desabamento aumentou.
O conjunto Santa Rita tem casas duplex e outras avulsas no entorno. Não há colunas de sustentação nos duplex. O único suporte é o alicerce e as vigas.
Francisca Rayane, 22, vive com a avó numa das residências. “O medo é constante. Com o mau cheiro não dá mais para dormir. É como um dominó empilhado: se cai uma, caem todas”, define. As luzes da casa pouco servem. Com os móveis empilhados, só é possível transitar na residência em cima de pedaços de concretos colocados no caminho.
Dona de casa, Kessia Dantas, 37, mora em casa de frente para a avenida Pompílio Gomes. A moradia compartilhada por ela, o esposo e quatro crianças está com o teto comprometido. A cena de ratos circulando no telhado e descendo pelos móveis é comum, segundo a mulher. Também é rotineiro que todos da família tenham problemas de saúde. O cachorro da família fica preso sobre um móvel acima do nível da água para não ter contato com a sujeira.
Próximo à porta da cozinha está um fogão à lenha, marcando o limite até onde a água cheia de lixo e dejetos de outras residências pode ir.
A população acredita ainda que drenagem do local piorou desde o início das obras da Avenida Paisagística, que passa próximo à comunidade às margens do rio.
Visita da Defensoria
A comunidade foi visitada pelos defensores públicos Lino Fonteles e Elizabeth Chagas, titulares do Núcleo de Habitação e Moradia, e a engenheira civil da Defensoria, Ticiana Justi. Todos os imóveis vistoriados possuíam rachaduras nas paredes e no teto, infiltrações, além de problemas decorrentes da falta de saneamento básico.
Lino Fonteles conferiu a situação jurídica do conjunto habitacional. Construídas na década de 1990, as unidades foram repassadas pelo Governo à associação de moradores do local. “Além das 90 casas, existem outras residências que foram construídas nos arredores. Todas elas apresentam problemas de estrutura, um risco real para os moradores”, explica o supervisor do Nuham.
A inspeção técnica no local foi motivada após um grupo de moradores procurar a Defensoria Pública, no início de junho. Os moradores pedem ainda a conclusão do projeto de drenagem e urbanização de áreas no entorno do rio Cocó. Em março, outras comunidades no entorno da barragem do rio sofreram com inundações após chuvas.
“Levaremos o laudo à reunião com o prefeito de Fortaleza que agendamos no próximo dia 19 de junho. A situação do Santa Rita será inserida na nossa pauta, quando pretendemos debater sobre orçamento público voltado para questões de moradia de comunidades assistidas pela Defensoria”, afirma.
Procurada, a Defesa Civil do Município de Fortaleza afirmou, nessa sexta-feira, 14, não ter registro de chamados para o conjunto habitacional.
Fonte: O Povo
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