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Alerta à segurança alimentar. Avanço do coronavírus gerou consequências para a saúde
Definida, entre outras nuances, como o acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, a segurança alimentar e nutricional (SAN) é um aspecto preocupante da pandemia. Em comentário publicado na revista científica The Lancet, em 27 de julho, diretores de quatro agências da Organização das Nações Unidas (ONU) alertaram especificamente para os riscos que crianças correm nesse cenário.
No texto, Henrietta H. Fore — Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) —, Qu Dongyu — Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) —, David M Beasley — Programa Alimentar Mundial (WFP) — e Tedros A. Ghebreyesus — Organização Mundial da Saúde (OMS) — apontam que o impacto nos sistemas alimentares causados por estratégias necessárias para conter o avanço da doença levou milhões de famílias a recorrer a alimentos mais pobres em nutrientes.
Mas não foi só com a pandemia que a Organização ficou em alerta para o aumento da fome e para a má nutrição. Especificamente na América Latina e no Caribe, o Panorama de Segurança Alimentar e Nutricional 2019, lançado no último mês de novembro, aponta que a fome voltou a crescer na região, afetando 42,5 milhões de pessoas, e que a prevalência de obesidade em adultos triplicou em relação a 1975.
No cenário global, a publicação O Estado da Insegurança Alimentar e Nutricional no Mundo (Sofi 2020), também publicado por agências da ONU, em 13 de julho, estima que 2 bilhões de pessoas não tiveram acesso regular a alimentos seguros, nutritivos e suficientes em 2019. Nesse cenário, estão pessoas que vivem sob níveis moderado ou severo de insegurança alimentar.
Em uma das “contradições do modelo hegemônico de produção de alimentos e do mercado de alimentos mundial”, os ultraprocessados — ricos em sal, açúcar e gordura — tornaram-se mais acessíveis do que os alimentos frescos e orgânicos. É desses sistemas alimentares que decorrem as relações atuais da saúde com a alimentação e a nutrição, segundo Denise Oliveira e Silva, pesquisadora da gerência regional de Brasília da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e coordenadora do Observatório Brasileiro de Hábitos Alimentares (OBHA).
“O mesmo alimento que se consome em uma família pode impactar negativamente tanto para promover obesidade quanto para promover desnutrição ou alguma carência nutricional, de ferro, de vitamina E, de vitamina A. Essa é uma questão que estamos vivendo, ela é contemporânea”, explica.
Com a pandemia em curso no Brasil, ainda se tenta mensurar os impactos da Covid-19 em relação à segurança alimentar e nutricional. Porém, sabe-se que ela revelou uma série de desigualdades já existentes no País. Um efeito da Covid-19, diretamente relacionado à SAN e pontuado por Lara Mendes, consultora em saúde do Serviço Social do Comércio (Sesc) e presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea Fortaleza), foi a redução ou perda da renda das famílias.
“Essa insegurança alimentar, que já existia e foi agravada pelo cenário de saúde atual, vai afetar diretamente a saúde e a qualidade de vida da população, porque a alimentação é o suporte para estudar, trabalhar e fazer as atividades diárias”, afirma.
Atingindo um recorde em sete anos, o País contabilizou, em 2018, 13,5 milhões brasileiros vivendo em situação de extrema pobreza, com renda mensal per capita inferior a R$ 145 — ou U$S 1,9 por dia —, segundo a Síntese de Indicadores Sociais (SIS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em novembro de 2019. Além disso, outros 52,5 milhões de pessoas estavam na linha da pobreza — rendimento diário inferior a US$ 5,5.
Relatos de fome e miséria que chegam com mais frequência a profissionais de saúde demarcam uma “fissura social e econômica”. Uma vez que ela é reconhecida e que se instala políticas públicas para superá-la, segundo explica Denise Oliveira e Silva, os impactos levam cerca de cinco a dez anos para aparecerem.
“Então, eu diria que é um prognóstico muito ruim para o Brasil se não tiver investimento em políticas sociais e, de alguma maneira, a restauração da governança em segurança alimentar. Acho que os resultados são realmente muito difíceis e que a pandemia se coloca como mais um elemento de agravar essa situação”, afirma a pesquisadora.
Fonte: O Povo
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