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AMERICANDO: Devaneios para tentar entender as mudanças e o nosso tempo…

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“Tudo muda e com toda razão…” já disse um vate. Tudo mudou, inicialmente foi um grande infelizmente, porém com a mudança hoje reflito sobre e digo “ainda bem…”. Não desejo vingança, mas tenho por certo que o inferno, temor de muitos, é na verdade aqui mesmo, e a lei da semeadura não precisa de fé, apenas a ação de jogar a semente à terra. Tudo me serviu, até mesmo o mal que me fizeram e a ingratidão que “me presentearam”. O fundo do poço é o lugar do impulso…

Tudo mentira
Tudo cinema
Apenas cenas
Quando, em ledo engano me acena (BELCHIOR, 1993).

Ainda bem que tudo passa… Tomei banho, olhei no espelho, na pia apenas a minha escova. Vejo notícias novas sobre coisas velhas. O ódio pelos quatro cantos do país e os que mais falam em Deus e paralelamente falam no diabo, são em boa parte os que mais odeiam. Não adianta insistir com certas coisas… o vate lá de Sobral tem razão! Estou a ouvir: “E eu quero é que esse canto torto/ Feito faca, corte a carne de vocês” (BELCHIOR, 1974).

Alguns que eu conhecia se foram… Aliás, ainda os conheço, só não estão mais aqui. Alguns outros não mais os tenho por perto. Rapidamente vi alguns, rapidamente no trânsito…

Não aceitar que o outro possa ser distinto é uma violência. Somos iguais em miséria existencial. Somos pequenos, limitados e mortais. A natureza evidencia nossa pequenez. Nisso somos iguais, em outros aspectos, não… O outro é essencialmente diferente. Não entender isso é uma forma de se desumanizar…

Eu simplesmente deveria ter sumido… somente… Deveria ter esperado, não deveria ter agido. Agi e perdi o precioso passar magistral do tempo que tudo resolve. Ainda guardo certas coisas na memória, embora tais coisas não devesse guardar. Algumas coisas são dolorosas, injustas e sem explicação… Hoje foi mais um sábado como quase todos os outros nos últimos 3 anos. Acordo, vou a um curso, passo na casa da minha mãe, almoço, volto para casa e durmo um pouco à tarde. A diferença é que alguns ciclos terminam e outros começam…

Se o amor anda ausente
O armário só guarda
Uma escova de dente (BLANC, 2005).

Assim segue a vida, como um curso de um rio que tem um destino certo. Algumas coisas simplesmente não mudam, você que deve mudar. Na infância angustie-me por não entender o que estava acima de minha consciência mundo à época. Em outros períodos também, mas a observação aos poucos me deixava mais ciente do que realmente aconteceu. O desprezo por aquilo que te feriu é a melhor arma.

Odeio a tua paz
Rejeito o teu perdão
Pois qualquer sofrimento passa
Mas o ter sofrido não (BELCHIOR, 1988).

No emaranhado de cordas do coração o erro é uma constante. Os nossos instintos são trágicos, no peito há o caráter de Aquiles, jamais Ulisses entra no terreno das paixões. Nesse mundo de meu Deus, a caridade perdeu espaço, o egoísmo aliado à mentira estampa o ideal de uma multidão que possui uma boa apresentação, um jeito aparentemente bom, mas é havida pelo vil metal, interesses próprios e sem nenhuma complacência pelo próximo…

“Admiro o vosso Cristo, mas abomino o vosso cristianismo” (Mahatma Gandhi)

Muitos no ritual de seguir a um templo aos fins de semana sentem-se libertos, salvos do inferno, esse lugar que atormenta a tantos. Graças a Deus para estes! Observo que muitos em meio ao inconsciente, a fé um tanto quanto ficcional e paradoxal ao exercício racional posto pelas Escrituras, somado à uma obediência cega em uma lei que não existe, apenas costumes e doutrinação de líderes; vivem um engano abissal… Não possuem caridade, consciência social nem muito menos amor ao próximo. Tão somente uma moral cristã que nem Cristo ensinou, muito desejo reprimido, culpa, obediência irracional a um líder, ganância, medo da morte e o que poderá vir depois… Essa realidade eu conheço desde minha infância. Muitos estão adoecendo, quando a realidade não contempla o esperado no universo fantasioso da emoção barata; outros, fugindo de um meio que era para enxergar, mas adora a cegueira. Não é o decepcionar com algo ou com alguém, mas a ética de um grupo, o qual muitos convivem… Apenas entendo que essa realidade parece realidade…

Mas sei, sei que nada é divino, nada
Nada é maravilhoso, nada
Nada é secreto, nada
Nada é misterioso, não
Não, não, não (BELCHIOR, 1976).

Contato: zeamericoneto@hotmail.com

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