Economia
Black Friday vale a pena? Veja como aproveitar descontos sem cair em pegadinhas
Você deve ter visto anúncios da Black Friday em todas as lojas – físicas e virtuais – que visitou nos últimas semanas.
Importado dos Estados Unidos há quatro anos, o dia de promoções vai acontecer nesta sexta-feira no Brasil. Sites divulgam descontos atrativos, mas a internet congestionada e as fraudes desanimam muita gente.
Afinal, vale a pena madrugar para encher o carrinho?
A BBC Brasil conversou com representantes de serviços de defesa do consumidor e do comércio para tirar essa dúvida.
A resposta é sim, mas com ressalvas. Vale a pena se a ideia for gastar menos em algo que você já deseja e caso alguns cuidados sejam tomados, como checar o preço antes e comprar de um fornecedor confiável. Em suma: nada de impulsos.
“Não é hora de fazer dívida. Se você tem dinheiro sobrando, é uma data ótima, mas seguindo essas recomendações. Consegue encontrar muito produto barato e bom”, diz Felipe Paniago, diretor de Marketing do site Reclame Aqui.
Confira a seguir dicas para aproveitar sem preocupações os até 70% de desconto.
Antes da compra
O primeiro passo é pesquisar sobre o produto que você quer comprar. Qual é a melhor marca? Que modelo tem as características ideais?
Depois, vá atrás dos preços antes da Black Friday começar. Assim, é fácil saber se há mesmo uma promoção, ou se o valor oferecido nesta sexta é só um pouco menor (ou até maior) do que o de dias atrás.
Alguns sites possuem um histórico de preços. O site Reclame Aqui, por exemplo, monitorou mais de 1,3 mil itens durante 30 dias e já colocou essas informações no ar. O endereço é blackfriday.reclameaqui.com.br.
“É comum que o produto vá aumentando no último mês. Uma das TVs de tela plana, por exemplo, subiu R$ 500 nesse período. Se derem um desconto de 20%, vai voltar ao preço inicial – e não é tão atrativo”, diz Paniago.
Alguns comparadores de preços, como o Buscapé, também possuem esse histórico, que pode ser consultado a qualquer momento.
O supervisor do Procon-SP Bruno Stroebel aconselha os consumidores a fazerem simulações de compra antes da Black Friday, para que vejam o valor do frete. Para compensar uma promoção, lembra, os fornecedores podem encarecer a entrega.
Ao fazer essas pesquisas, salve as telas no seu computador, recomenda o supervisor. Essas reproduções são necessárias para contestar o vendedor caso os descontos sejam diferentes dos prometidos, ou para denunciá-lo ao Procon.
Durante a compra
As capturas de tela também devem ser feitas durante a realização da compra. Isso porque o preço anunciado ao lado do produto pode ser diferente do que aparece no carrinho virtual.
Em outras situações, o site cai e a compra não é finalizada, mas o pagamento é descontado.
“A legislação é clara: quando faz uma oferta e veicula publicidade, o fornecedor é obrigado a cumpri-la. É uma contrato estabelecido com o consumidor”, diz o representante do Procon.
Além de estar atento à maquiagem de promoções, você precisa ter certeza de que a loja é confiável.
A dica de Paniago, do Reclame Aqui, é simples: use apenas páginas que mostrem o código “https” na barra de endereço quando a compra estiver sendo finalizada – essa é uma indicação de que o site é seguro e de que seus dados não serão roubados.
Semanas antes da Black Friday, conta ele, surgem milhares de sites falsos, que possuem endereços muito parecidos ao de grandes varejistas.
Para enganar os clientes do americanas.com.br, por exemplo, alguém pode criar a página americanaaas.com.br. E o cliente desavisado pode não perceber a diferença, porque a versão fraudulenta pode ter o mesmo layout e oferecer itens semelhantes aos da verdadeira.
No entanto, depois de descontado o pagamento, o produto nunca é entregue.
Para criar uma “boa reputação”, muitos dos sites falsos começam a funcionar antes da Black Friday e chegam a entregar alguns produtos. Assim, são bem avaliados em serviços como o Reclame Aqui e recomendados no boca a boca.
Mas isso dura pouco, já que, logo depois da sexta-feira de promoções, eles desaparecem.
Para fugir dos falsários, recorra às empresas grandes e conhecidas, desconfie de quem oferece descontos muito maiores do que os concorrentes e sempre cheque a reputação das lojas.
O Reclame Aqui é uma das ferramentas mais populares para esse tipo de checagem. Na página, é possível ler o número de reclamações de cada vendedor, observar se elas foram respondidas ou não e qual é a avaliação final.
Para Paniago, o melhor é evitar os usuários não recomendados e os que possuem pouca atividade no site – isso significa que fizeram um número pequeno de vendas e podem ser uma fraude.
O Procon-SP também oferece uma lista de endereços que devem ser evitados, porque já causaram problemas. Acesse aqui: http://sistemas.procon.sp.gov.br/evitesite/list/evitesites.php.
Na hora de finalizar a compra, use agregadores de pagamento, recomenda Pedro Guasti, CEO da E-bit, empresa de dados do varejo eletrônico brasileiro. PayPal e PagSeguro são alguns dos mais conhecidos desse grupo.
Guasti explica que os agregadores oferecem até 14 dias para cancelar a compra antes que o dinheiro seja transferido. Se o prazo de entrega era de dez dias e, depois desse período, o produto não chegou, o consumidor pode pedir que o valor não seja repassado.
No caso do comércio físico, o momento é de pechinchar e tentar negociar as condições de pagamento.
“Estamos tendo um desempenho fraco e temos que aproveitar esse período para melhorar o resultado do ano. Por isso, as oportunidades devem ser boas”, diz Marcel Solimeo, diretor do Instituto de Economia da Associação Comercial de São Paulo.
Depois da compra
Se você seguir as dicas acima, é provável que não tenha problemas depois da Black Friday.
Mas se algo der errado, entre em contato com a loja para cobrar uma solução. É importante ter as imagens gravadas da tela do computador na hora da compra e outros documentos em mãos.
Se seu pedido não for atendido, procure os serviços de atendimento ao consumidor, como o Procon do seu Estado. Você pode fazer uma denúncia pelo site ou pelo telefone 151.
O órgão tentará intermediar esse contato. Caso o fornecedor se negar a cumprir um contrato, o Procon pode aconselhá-lo a entrar na Justiça.
Quando há muitas reclamações sobre a mesma loja, o órgão pode autuá-la, o que pode levar a uma multa.
Também é possível registrar suas experiências negativas em páginas como o Reclame Aqui e na parte de comentários da própria loja virtual.
Fonte: BBC
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