Nijair Araújo
Brasilidade: Queimadas
A média histórica do acréscimo de ocorrências envolvendo focos de incêndios em vegetação e terrenos baldios no Ceará mantinha-se elevada no período de novembro a dezembro, sem maiores repercussões nos demais meses do ano. Desde 2017, entretanto, a estação crítica se estendeu, inicialmente de julho a dezembro. Em 2019, com a explosão do número de saídas das guarnições iniciadas prematuramente em junho. E agora, em julho de 2020, novos focos já preocupam.
Do início do segundo semestre até meados de agosto do ano passado, para fins ilustrativos e de prognósticos, fomos acionados para 150 (cento e cinquenta) combates em vegetação, fogo às margens de rodovias, terrenos baldios e monturos, perfazendo uma média de duas solicitações por dia. Esses dados não incluem os incêndios rotineiros em edificações residenciais, comerciais, industriais; exclusos, também, estão os atendimentos a salvamentos e pré-hospitalares. Ademais, quando tecnicamente o combate se faz com uso de água, gastamos, por ocorrência, cerca de 5.000 (cinco mil) litros que poderiam ser utilizados em atividades de plantio, irrigação, abastecimento de hospitais – em caráter emergencial – e outros fins. Portanto, além dos prejuízos imediatos para a flora e fauna, com repercussão na saúde humana, principalmente de crianças e pessoas da melhor idade, que evoluem mais facilmente para problemas respiratórios, existe ainda o desperdício.
Percebendo a real dimensão do problema, o comando geral do Corpo de Bombeiros Militar avalia a necessidade de incrementar o número de bombeiros das guarnições em todos os Batalhões do interior, capital e regiões metropolitanas, a fim de mitigar os efeitos decorrentes dos focos de incêndios em vegetação, buscando mais celeridade nos combates com maior efetivo empregado nas ações que se avolumam diariamente. Em Iguatu, por exemplo, podemos ter, pela segunda vez, em repetição ao que aconteceu em 2019, uma guarnição específica para esse tipo de atuação. São mais três bombeiros extras que trabalhariam por até doze horas, no período mais crítico do dia.
Buscamos alternativas, aumentamos o efetivo de combate, alertamos sobre a necessidade de políticas públicas e educativas, divulgamos os dados catalogados em nossos registros, mas, diante da realidade fática, não basta apenas a intensificação do número de combatentes. É necessário que a modificação seja cultural, com o apoio da população, dos pais, da sociedade, da imprensa – sozinhos, não conseguiremos impedir o furor da natureza com a atual conjuntura da colaboração antrópica, onde o homem, queimando indiscriminadamente áreas da nossa cobertura vegetal, sem aceiros, sem consulta, sem a preocupação com o outro, expõe-nos a riscos. Some-se a isso os piromaníacos, criminosos que sentem prazer com o fogo horroroso e dantesco.
Sabemos das implicações penais decorrentes das queimadas. Conhecemos o poder lúdico das chamas. Compreendemos a peculiar situação pela qual passamos no Estado e, acima de tudo, acreditamos ser possível modificar o cenário assolador que nos preocupa.
Nosso número, o 193, costuma tocar diariamente diante das tragédias e nunca nos furtaremos da missão de salvaguardar a vida de todo e qualquer cidadão. Estaremos sempre prontos para atuar, mas o Corpo de Bombeiros que sonhamos, e trabalhamos diariamente para atingirmos esse ideal, é aquele que permanece aquartelado, aguardando um mínimo de atendimentos. Ao contrário do que pensa o senso comum, excetuando-se os acidentes causados por fenômenos naturais, que constituem apenas 1% do total, todos os outros dependem da ação humana – sendo o homem o principal causador de tragédias.
Nijair Araújo Pinto – TC QOBM, Cmt do 4º BBM – Iguatu
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