Cidadania
Direito e Cidadania: O RACISMO DE CADA CANTO
O mundo assistiu ao terrível espetáculo de intolerância racial de que foi vítima o atleta brasileiro Vinícius Júnior, ocorrido em um país sobre o qual se costumou dizer que faz parte do “primeiro mundo”, dito civilizado, que é o Velho Continente, como assim se chama a Europa.
Mais do que um contrassenso ao conceito de civilidade, os atos praticados na cidade de Sevilha, na Espanha, além de caracterizarem uma atitude humanamente repugnante e animalesca, é legalmente proibida pelos ordenamentos jurídicos de todos os países democráticos e se constituem em crime e, neste caso, em alguns países é qualificado como crime hediondo, posto que agride o sentimento de humanidade e do respeito à pessoa.
Se assim está previsto em lei, como conceber que quase no fechamento do 1º quarto deste século ainda haja atitudes como esta? E, o que é pior, manifestada de forma coletiva por uma horda de torcedores de um país que se supõe culto e educado, mais do que grande parte do resto do mundo?
A resposta nós a vimos no mesmo cenário da ocorrência: a tolerância indisfarçada de organizações como La Liga, a FIFA, árbitros, a imprensa, ou parte dela, e parte dos próprios cidadãos que ali estavam e que, se não aderiram aos racistas, poderiam ter manifestado igual repúdio com suas vozes, em número até maior, talvez, que aqueles que agrediam.
Mas também devemos ter em conta que o local onde ocorreu o crime coletivo e assombroso tem o histórico de ter sido um dos países responsáveis pelo extermínio de povos nas Américas, por ele invadidas no que se chamou historicamente de – entre aspas – “ciclo das descobertas”; que foi tolerante com a ascensão de manutenção nazi fascismo nas décadas de 1930 – 1945 do século passado, e que, por certo, não tolera que um homem preto, nascido na miséria de um país então de 3º mundo como o Brasil, vença na carreira, brilhe e encante parte do mundo com sua arte e sua sempre presente alegria demonstrada nas disputas esportivas de que participa.
É, portanto, contra um arraigado preconceito histórico e estrutural e pelo direito de manifestar a diversidade e sua ancestralidade negra, de que ele acertadamente tem orgulho de cultuar, que o Vinicius Júnior reagiu demonstrando incontida revolta, passando instantaneamente de vítima a condenado e ficando evidenciada a conivência organizada das estruturas institucionais ali presentes, quando foi expulso do jogo.
Diante disso, antes que se diga qualquer coisa, temos que louvar a postura altiva e íntegra do jogador e esperamos que ele continue brilhando, encantando e feliz em comemorar seus gols com a alegria que sempre teve, mas esperamos também que continue a reagir, insubmisso ao preconceito.
Como dizia outro negro atleta e vencedor, Cassius Clay ou Mohamed Ali, que ele “Voe como uma borboleta, ferroe como uma abelha”, que só ferroa a quem lhe perturba.
ROMUALDO LIMA.
Advogado, ex-Conselheiro estadual da OAB/CE,
Conselheiro vitalício do Conselho da OAB – Subseção Iguatu e
Procurador Federal.
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