Iguatu
Disputa em Iguatu vira guerra de narrativas: defesa de Roberto nega vínculo com Thiago e tentam desviar foco com contra-acusação

A ação que investiga o suposto uso de facções criminosas na campanha eleitoral de Iguatu ganhou novos contornos após a apresentação de manifestação da defesa do prefeito Roberto Filho. Em resposta à tentativa da coligação “Pra Mudar Iguatu” de vinculá-lo a “Thiago Fumaça”, a defesa afirma que não há qualquer prova de que Roberto Filho tenha articulado apoio de Thiago ou se envolvido com práticas ilegais durante o período eleitoral.
A acusação original recai sobre Roberto Filho e Antonio Ferreira, apontados pela coligação como supostos beneficiários de apoio logístico e territorial de grupos criminosos durante a campanha de 2024. No entanto, em manifestação protocolada no processo, os investigados tentaram inverter a narrativa: segundo eles, quem teria articulado com o crime organizado seria, na verdade, a oposição — incluindo nomes como Rafael Gadelha, Ilo Neto, vereadores e o próprio Thiago Valentim.
Laudo da Operação Tempestade 1 e manifestações
A coligação “Pra Mudar Iguatu” busca vincular Thiago ao grupo de Roberto com base em conversas de articuladores políticos. Entre os elementos citados, está uma conversa com Rosa Vidal, liderança comunitária local, na qual ela exigiria exclusividade para a Casa de Apoio da Pessoa de Roberto no bairro Novo Iguatu. Também é mencionada uma conversa envolvendo a liderança Saionara, posteriormente nomeada para um cargo comissionado pelo já prefeito Roberto Filho.
Para sustentar essa tese, a acusação se baseia em laudos técnicos da Operação Tempestade 1, conduzida pela Polícia Civil, que analisou mensagens extraídas dos celulares de Thiago.
Por outro lado, a defesa sustenta que não foi identificada qualquer conversa, imagem ou movimentação que comprove vínculo de Thiago com a campanha de Roberto. Ao contrário, aponta conversas com candidatos a vereador ligados à campanha de Ilo Neto e Rafael Gadelha como indícios de envolvimento do grupo adversário.
Ainda segundo a defesa, tanto Saionara quanto Rosa Vidal teriam, na verdade, atuado na campanha de Ilo Neto — apesar das nomeações e conversas destacadas pela acusação.
O processo, no entanto, ainda não está completamente instruído. Falta a conclusão da perícia no material extraído do celular de Márcia Teixeira, apreendido na Operação Tempestade 2. A depender do conteúdo, novas oitivas de testemunhas poderão ser convocadas.
Tentativa de ampliar acusação após o prazo legal
Outro ponto destacado pela defesa é a suposta tentativa da parte autora de alterar a “causa de pedir” já na fase final da instrução. Durante audiência realizada em abril, a acusação passou a mencionar novos personagens e fatos — como o nome de Saionara Antunes e supostos vínculos com o tráfico de drogas — que não constavam na petição inicial.
A defesa alega que isso viola o contraditório e a ampla defesa, já que a legislação eleitoral e o Código de Processo Civil proíbem a inclusão de novos fatos após a citação do réu, salvo com o consentimento da parte, o que não ocorreu. O caso seria ainda mais grave por se tratar de uma ação eleitoral, com prazos rígidos e decadenciais.
Investigados tentam desviar foco com contra-acusação
A defesa de Roberto Filho e Antonio Ferreira argumenta que a verdadeira articulação com criminosos ocorreu do lado da oposição. Apresenta como indício mensagens trocadas entre Thiago e apoiadores de Gadelha e Ilo, com relatos de troca de favores, como fornecimento de combustível e transporte durante eventos de campanha.
A estratégia é clara: mostrar que, se houve uso de estruturas informais e ilegais nas eleições, isso deve ser apurado também no grupo adversário — e não apenas no campo dos investigados. A defesa critica a concentração das investigações em Roberto Filho e Antonio Ferreira, ignorando, segundo eles, elementos que poderiam incriminar outras figuras da política local.
Desdobramentos não estão descartados
A conclusão da perícia no celular de Márcia Teixeira e a eventual convocação de novas testemunhas podem reabrir a fase de instrução, atrasando o desfecho do caso.
Os investigados tentam demonstrar que são vítimas de uma investigação parcial e buscam desvincular seus nomes das acusações de articulações ilegais. Também acusam a parte autora de romper as regras do processo ao tentar incluir novas acusações fora do prazo legal.
O caso, originado nas Operações Tempestade 1 e 2, pode ter impacto direto no equilíbrio político de Iguatu e esclarecer se houve, ou não, interferência criminosa nas eleições municipais. Enquanto isso, a disputa jurídica segue acirrada — e cada nova manifestação reforça a impressão de que, mais que um julgamento, trata-se de uma batalha narrativa pela hegemonia política local.
Após a conclusão da instrução processual, o juiz abrirá prazo para alegações finais, quando as partes terão dois dias para apresentar seus últimos argumentos antes da sentença do juiz eleitoral.
ENTENDA O CASO
A investigação que deu origem ao processo é resultado de um inquérito policial conduzido pelo Delegado Municipal da Polícia Civil de Iguatu/CE, Weslley Alves de Araújo, no âmbito da Operação Tempestade, deflagrada em duas etapas: Tempestade 1 e Tempestade 2.
A primeira fase, Tempestade 1, focou na extração de dados de celulares e não identificou vínculo entre Thiago Oliveira Valentim (conhecido como Thiago Fumaça) e a campanha de Roberto Costa Filho. Já na segunda etapa, Tempestade 2, foram apreendidos novos materiais, incluindo o celular da advogada Márcia Rúbia Batista Teixeira. A Polícia Civil encontrou indícios de articulação criminosa envolvendo compra de votos e financiamento político com apoio do tráfico de drogas.
De acordo com a investigação, Márcia Rúbia teria pago R$ 10 mil a Thiago Fumaça para garantir apoio político no bairro Santo Antônio — área sob influência de grupos criminosos. Em troca, o traficante teria indicado um coordenador de campanha local e organizado a atuação de militantes eleitorais para fortalecer a candidatura de Roberto Filho.
A perícia do celular de Márcia ainda está em andamento, e há possibilidade de novas oitivas de testemunhas, caso o material contenha informações relevantes adicionais. A depender dos resultados, o processo poderá ter novos desdobramentos antes da sentença final.
Petições para download
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