Regional
Encontro reúne produtores orgânicos do Nordeste
[caption id="attachment_389" align="alignleft" width="600"]O Encontro de Agricultores Orgânicos do Nordeste aconteceu na cidade de Várzea Alegre, na Escola de Ensino Fundamental e Médio Professora Maria Afonsina Macedo. Reúne produtores, estudantes e técnicos FOTO: HONÓRIO BARBOSA[/caption]O evento conta com a participação de 150 pessoas, que debatem sobre a produção orgânica. Os caminhos e desafios da produção agroecológica está em debate nesta cidade, no XIII Encontro dos Produtores Orgânicos do Nordeste. A programação começou na segunda-feira passada e termina hoje. Cerca de 150 produtores, estudantes e técnicos agrícolas do Ceará, Pernambuco, Piauí, Bahia e Paraíba participam do evento que oferece debates, palestras, oficinas e visitas às áreas de produção de agricultura familiar orgânica.
A agricultura orgânica é um tema muito discutido, mas é pouco praticado no sertão do Ceará. Aqui no Centro-Sul, há somente cerca de 30 pequenos produtores com experimentos em agroecologia. “É um trabalho difícil, que necessita de orientação técnica e de paciência, paixão pela saúde própria e pela defesa do meio ambiente”, justificou o coordenador do evento e presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema), José Marcílio dos Anjos Feitosa.
O engenheiro agrônomo e mestrando em Desenvolvimento Regional Sustentável pela Universidade Regional do Cariri (Urca), Paulo Ferreira Maciel, aponta dois fatores básicos que contribuem para a reduzida adesão ao sistema de produção agroecológica. “A falta de política pública para incentivar o produtor rural e de assistência técnica”. Maciel observa que, no dia a dia, os técnicos em extensão rural que visitam os produtores da agricultura familiar não são especializados e não têm domínio sobre o sistema de agroecologia. “Querem fazer as duas coisas, aplicar modelos da agricultura tradicional e do sistema orgânico e isso não funciona”, disse. “O que nós observamos é a falta de acompanhamento técnico”.
Em um ponto, os técnicos e agentes que promovem a agroecologia concordam: o mercado é amplamente favorável. “O produtor que levar frutíferas e hortaliças orgânicas para a feira, vende com facilidade. “Quem vai deixar de comprar tomate, verdura, legumes e frutas produzidas sem agrotóxico para levar para casa frutos com resíduos de veneno?”, indagou.
No Centro-Sul, a maior concentração de experimentos de agricultura orgânica ocorre em Várzea Alegre. Na localidade de São Vicente, no primeiro domingo de cada mês é realizada feira de agricultura agroecológica que reúne cerca de 20 produtores. As barracas são armadas próximas à parede do Açude Olho D´Água. No ano passado, houve queda da produção por causa da seca que se estende neste mês de janeiro. “Alguns produzem com irrigação, mas a seca afeta porque os poços secam e traz outras dificuldades”, observa o secretário de Agricultura do município, André Fiúza.
Após participar da abertura do evento, Fiúza disse que o município dispõe de projeto para incentivar e apoiar a agricultura agroecológica. “A nossa meta é ampliar o número de produtores orgânicos, porque há mercado e o ganho é maior em relação à agricultura convencional”, explicou. “Vamos contratar técnicos com experiência nesse sistema para acompanhar e assistir os agricultores”.
O gerente regional da Bacia do Rio Salgado da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), Iarley Brito, frisou que a produção de agricultora orgânica contribui para o uso racional da água. “É uma prática limpa, de uso de boa qualidade da água de forma racional, sem desperdício”, disse. “Há também o aspecto da economia solidária, de outros valores que vão além da busca exclusiva do lucro”.
Na localidade de São Vicente, o agricultor Raimundo Nonato dos Santos Filho tenta há cinco anos produzir hortaliças e fruteiras de forma ecológica em uma área denominada Quintal Produtivo. Apesar de estar próximo ao açude Olho D´Água não dispõe de sistema de irrigação. “Faltam condições financeiras para comprar motor e bomba”, explicou. “A produção é ainda é pouca e a maior parte depende da chuva”.
Pragas
Além da falta de irrigação, Nonato dos Santos enfrenta ataque de pragas no cultivo de hortaliças. “A gente precisa de orientação de um técnico especializado para produzir mais e melhor”, disse. No passado recente, o produtor era caçador e produzia de forma convencional. “Participei de um encontro sobre agroecologia e mudei de ideia. Vi que o que eu fazia era errado”. A produção de banana, milho, hortaliças e macaxeira é comercializada na própria comunidade.
O produtor Severino Batista, da cidade de São Joaquim do Monte, em Pernambuco, trouxe a experiência do cultivo de laranja e limão e a produção de mel de abelha de forma orgânica. “É uma experiência que deu certo”. Para este ano, o agricultor espera obter renda de R$ 20 mil. A área de produção é de 4ha e dispõe de 100 colmeias.
Mais informações:
Secretaria do Meio Ambiente e de Agricultura de Várzea Alegre
Avenida Antonio Alves Costa, S/N
Telefone: (88) 3541. 1337
Região do Cariri
Fonte: Diario do Nordeste
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