Nível de desemprego chega a 6,9% em junho

Com o fraco desempenho da economia, a taxa de desemprego, nas seis principais regiões metropolitanas do País, subiu para 6,9% em junho, sendo a sexta elevação seguida e a maior para o mês desde 2010, quando a taxa chegou em 7%. Segundo informou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), em maio deste ano, o desemprego estava em 6,7%, enquanto que, em junho de 2014, era de 4,8%.

O mercado de trabalho tem sido pressionado por uma procura cada vez maior por emprego, num momento em que cresce o volume de demissões. Com o poder aquisitivo corroído pela inflação e pelos juros, mais brasileiros retornam ao mercado de trabalho numa tentativa de recompor a renda de suas famílias. A geração de vagas, contudo, não tem sido suficiente para absorver essa maior oferta de mão de obra e, para tentar conter as demissões, o Governo Federal anunciou o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), que autoriza empresas a reduzir a jornada e o salário em até 30%. Pelo programa, o Governo paga a metade da renda que o trabalhador deixaria de receber.

Destaques

No mês em análise, o número de pessoas com dez anos ou mais de idade (consideradas em idade ativa), para o conjunto das seis regiões metropolitanas onde a pesquisa é investigada – Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre –, foi estimado em 43,7 milhões. Esta estimativa ficou estável quando comparada com o resultado de maio, enquanto que, frente a junho de 2014, este contingente cresceu 1%.

Já a população economicamente ativa (formada pelos contingentes de ocupados e desocupados) foi estimada em 24,4 milhões de pessoas, também permanecendo estável em comparação com os meses de maio deste ano e de 2014. Na análise do contingente de ocupados por grupamentos de atividade, de maio para junho de 2015, foi observada estabilidade em todos os segmentos. Frente a junho de 2014, apenas o grupamento da construção civil apresentou declínio de 5,1% (88 mil pessoas).

Já o contingente dos ocupados foi estimado em 22,8 milhões, refletindo um quadro de estabilidade na análise mensal. Quando comparado com o mês de junho do ano passado, essa população sofreu redução de 298 mil pessoas (recuo de 1,3%). Mas, segundo o IBGE, o contingente de desocupados avançou, sendo estimado em 1,7 milhão de pessoas em junho – contra 1,6 milhão em maio. Em relação a junho do ano anterior, o quadro foi de alta, 38,5% (mais 454 mil pessoas em busca de trabalho). A taxa de desocupação em junho de 2015 (6,9%), embora estável frente ao mês anterior (6,7%), subiu 2,1%, no confronto com igual mês do ano passado, quando o índice era de 4,8%.

Rendimentos

Com relação ao rendimento médio real habitual dos trabalhadores, a PME registrou, em junho, o valor de R$ 2.149,00. Esse resultado ficou 0,8% acima que o registrado em maio (2.132,58) e 2,9% abaixo do apurado em junho de 2014 (R$ 2.212,87). Enquanto isso, a massa de rendimento médio real habitual dos ocupados foi estimada em R$ 49,5 bilhões em maio deste ano e registrou recuo de 0,8% frente a maio. Na comparação anual esta estimativa apresentou diminuição de 4,3%. A menor renda real é explicada, em parte, pelo aumento da inflação, que corrói os salários. A piora da qualidade do emprego também está por trás do número.

No recorte por setores de atividade, o rendimento caiu em quatro dos sete grupamentos de atividade analisados, sendo os mais intensos em construção (5,1%) e outros serviços – que engloba alojamento, transporte, limpeza urbana e serviços pessoais –, com 0,5%, e cresceu em quatro, com as maiores variações registradas em serviços prestados às Empresas (3,4%) e comércio (1,5%), enquanto que ficou estável nos demais. No ano, todos os sete recuaram, sendo comércio (5,1%) e construção (5,9%) as perdas mais intensas.

Já entre as categorias de posição na ocupação, na comparação mensal, o rendimento médio real habitualmente recebido recuou apenas para os empregados sem carteira assinada no setor privado (5,6%), passando de R$ 1.561,63 (maio) para R$ 1.473,60. No ano, houve resultados negativos em todas as categorias – empregados com e sem carteira no setor privado (2,2% e 2,0%, respectivamente), militares e funcionários públicos (2,7%) e, por fim, autônomos (2%).

Demissões  alastram-se para serviços e comércio

Analisando os dados registrados pelo levantamento, as demissões nas seis principais regiões metropolitanas brasileiras, antes concentradas nos setores de indústria e construção, se alastraram para as atividades de serviços e comércio. “Antes tínhamos um aumento da taxa de desemprego pela maior procura. Agora, estamos vendo dispensas mais acentuadas”, afirma a técnica do IBGE, Adriana Araújo Beringuy. “Isso porque temos, agora, mais setores contribuindo com a redução do emprego”, acrescentou.

Os cortes foram maiores no segmento chamado “outros serviços”, que inclui alojamento, alimentação e recreação. Foram 114 mil pessoas a menos trabalhando no setor em junho, na comparação ao mesmo mês do ano passado, queda de 2,7%. Uma parte dessas demissões pode estar relacionada ao crescimento de 4,5% que serviços de alojamento, alimentação e recreação tiveram em junho do ano passado, em base anuais. O mês foi marcado pela Copa do Mundo no Brasil.

O comércio também teve um desempenho bastante ruim em junho deste ano. O setor demitiu 95 mil pessoas entre junho de 2014 e de 2015. O contingente de ocupados no comércio encolheu 2,2% nessa comparação.

Fonte: O Estado CE