Ceará
Taxa de mortalidade infantil cai 24% em dez anos nas cidades cearenses
Há nove anos, a dona de casa Maria Lurdes Alves vivenciou “a maior dor de sua vida”. Quando a bolsa amniótica se rompeu, ela e seu esposo se apressaram a irem ao hospital. O momento que seria de felicidade, no entanto, mais tarde viraria um pesadelo. A pequena Isabela nasceu com problemas de saúde e, três meses depois, faleceu. O quarto que havia sido carinhosamente decorado nunca recebeu a visita da “Isa”. “O acompanhamento médico foi precário”, reconhece Lurdes.
Oito anos depois, a história foi outra e teve um fim feliz. Ela deu à luz Gabriel, hoje com “um ano de vida e cheio de saúde”, conta a mãe orgulhosa.
Casos de infortúnios como o que Lurdes experimentou em 2011 passaram a ser menos frequentes no Ceará. De acordo com a Secretaria da Saúde, a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) no Estado teve redução de 24% no período de 2008 a 2018. No ano passado, a TMI foi de 11,9 para 1.000 nascidos vivos, e no ano anterior, de 13,2.
Reduções
Com cerca de 53 mil habitantes, o município de Granja, na região Norte do Estado, comemora importante marca. Segundo recente levantamento do Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), houve redução significativa nos casos de mortalidade infantil.
De acordo com os dados, em 2017 foram registrados 31 óbitos infantis na cidade, já em 2018, esse número diminuiu mais da metade, com 14 óbitos listados. A rede municipal tem 16 unidades básicas de saúde, distribuídas na sede e distritos, além de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Segundo Valonia Siqueira, coordenadora da Atenção Básica de Granja, a média da cidade, na última década, era de 30 óbitos por ano. “Essa importante queda é o reflexo de uma ampla cobertura na saúde, somente alcançada integralmente nos dois últimos anos”, pontua Valonia. Em 2013, por exemplo, esse índice de cobertura era de apenas 6%, com gradual aumento até os dados atuais, o qual se alcançou 100%.
“Hoje, temos 19 equipes de Saúde da Família, atendimento que contribui para esse crescimento”, explica a coordenadora. Ela adianta que “também houve melhoria de nossa maternidade, o aumento de exames relacionados à gestação, além da instalação da Casa da Gestante, um espaço de apoio para quem não está em trabalho de parto, porém não tem como voltar para seu domicílio, e onde há atenção de um obstetra na prevenção de complicações. A atuação da intersetorialidade, que envolve profissionais da atenção primária e secundária, também tem sido bastante importante nesse processo”, reforça.
Em relação à Macrorregião de Saúde de Sobral, da qual Granja faz parte, ocorreu uma redução de 21,2% na mortalidade, na última década. Entre 2017 e 2018, a TMI da Macro Sobral registrou a redução de 13,0% e 13,6%, respectivamente. Os dados desses dois anos são parciais, estando sujeitos à revisão, informou a Sesa, que atua conforme a regionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), o qual orienta o processo de descentralização das ações e serviços de saúde e os processos de negociação e pactuação entre os gestores.
Em outras regiões do Estado, o quadro é semelhante. Na cidade de Iguatu, maior do Centro-Sul, a taxa de mortalidade infantil caiu de 18,6 por mil nascidos vivos, em 2017, para 12,0, em 2018.
Os dados são da Vigilância em Saúde da Secretaria da Saúde do Município. De acordo com a titular do setor, Kelly Felipe, as ações de acompanhamento das gestantes, pré-natal e dos recém-nascidos por equipes do Programa Saúde da Família contribuem para a redução dos casos em menores de um ano.
“O esforço das nossas equipes é nesse sentido, ampliar a assistência às gestantes e orientar as mães durante o primeiro ano de vida dos bebês”, frisou Kelly Felipe.
“A gente avalia que a mudança de gestão e de pessoal com a descontinuidade de serviços contribuiu para o aumento dos casos em 2017, mas agora a tendência é reduzir cada vez mais”.
Em Juazeiro do Norte, maior cidade da região do Cariri cearense, a taxa caiu de 11,57 em 2017 para 10,12 no ano passado. O número pode reduzir ainda mais, já que nem todos os nascidos vivos foram registrados. A queda acontece há, pelo menos, dois anos, pois em 2016, o número era bem mais alto: 15,74.
De acordo com a secretária de Saúde do Município, Fracismones Rolim, o número positivo se deve às ações implementadas na atenção primária, como a ampliação de equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF). Houve um aumento de 55 para 82 equipes. “Também fizemos a adesão ao projeto QualificaAPSUS, em que os profissionais são treinados. Houve qualificação do pré-natal e melhoria na UTI neonatal”, acrescenta Rolim.
Fonte: Diário do Nordeste
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